top of page

Importância da gestão dos ativos de transmissão

Publicado em 25 de março de 2024

www.linkedin.com/in/amilcar-guerreiro

Segmentos econômicos capital intensivos apresentam características muito particulares. A mais facilmente reconhecida é a necessidade de recursos significativos para realizar investimentos comparativamente aos custos operacionais.

O setor elétrico se insere neste cenário. É tipicamente um segmento capital intensivo, com certa previsibilidade na geração de caixa. Caracteristicamente são longos os prazos de maturação dos projetos de investimento, os quais, em geral, “são viabilizados por meio de project finance” e “tipicamente muito alavancados, com cerca de 80% dos investimentos financiados com capital de terceiros”[1].

Mas, outro aspecto bem comum é a necessidade permanente de reinvestimento, para evitar a deterioração dos ativos e a consequente perda de eficiência, com reflexos diretos no resultado das empresas.

No setor elétrico, a rede elétrica, em particular, merece um destaque especial “em razão da idade do sistema de transmissão”, em que “várias instalações que integram os contratos originais ou contratos prorrogados (na dicção setorial), estão em fim de vida útil física e regulatória. Levantamento realizado pela Aneel em 2021, com dados de 2018, indica uma depreciação acumulada de 74,79% das máquinas e equipamentos desses contratos e um potencial de reinvestimentos da ordem de R$ 27 bilhões, podendo chegar a R$ 103 bilhões nos próximos anos, para a substituição dessas instalações (grifo das autoras).”[2]

Em setores com tais características são naturalmente relevantes as iniciativas coordenadas de gestão de ativos. Com efeito, quando se trata de eficiência operacional em organizações capital intensivo, que, por natureza, são detentoras de um significativo parque de ativos instalados de alto valor, a gestão eficiente e eficaz de tais ativos se faz fundamental para maximizar os resultados da organização.

Nessas condições, pode-se definir gestão de ativos como sendo “o conjunto coordenado de atividades voltadas para extrair valor dos ativos da empresa, como, por exemplo, balanceamento de custos, oportunidades e riscos, performance esperada dos ativos, entre outros”[3].

Ou ainda, de acordo com o Comitê Técnico ISO TC251 (Asset Management), “a Gestão de Ativos coordena as atividades financeira, de operação, de manutenção, de gestão do risco e outras que estejam relacionadas com os ativos, para que a organização produza mais valor a partir dos seus ativos”[4].

A conclusão natural, sobretudo no caso de empresas de transmissão, capital intensivo, detentoras de parque de ativos operacionais importantes para o sistema elétrico brasileiro, é que a prática da gestão de ativos é fundamental para o alto nível de desempenho do negócio e para a boa utilização dos recursos que dispõe, agregando máximo valor à entrega final.

Com certeza, a gestão coordenada dos ativos operacionais de empresas de transmissão, por meio da implementação de práticas assertivas, será capaz de reduzir custos e mitigar riscos e de aumentar a eficiência e qualidade dos serviços prestados por tais ativos, contribuindo para aumentar a resiliência da rede elétrica.

[1] Sales, Claudio et alii. “Impactos da reforma tributária sobre o setor elétrico”, in Brasil Energia, publicado em 13/10/2023.

[2] Chaves, T. e Coelho, T. “O potencial da substituição de instalações de transmissão de energia”, publicado em 29/11/2022 pela agência epbr de notícias. Disponível em https://www.epbr.com.br.

[3] Sankhya Gestão de Negócios. “O que é gestão de ativos e como isso impacta sua empresa”, in https://www.sankhya.com.br/blog/gestao-de-ativos, texto datado de 22/03/2023.

[4] In https://committee.iso.org/home/tc251.

bottom of page