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Mais reflexões sobre iniciativas coordenadas de gestão de ativos de transmissão

Publicado em 01 de abril de 2024

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A ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica realizou na última quinta-feira, 28 de março, leilão para construção e manutenção de mais de 6.400 km de novas linhas de transmissão, acréscimo de 9.200 MVA na capacidade de transformação e presença em 14 estados. A previsão é que sejam investidos mais de R$ 18 bilhões. Números expressivos, que configuram um contexto que só aumenta o interesse pela temática da gestão de ativos na transmissão.

Os primeiros desafios que decorrem do leilão são, naturalmente, implantar os projetos. Desafios que envolvem engenharia, materiais, meio ambiente, gestão de projetos. Uma vez implantados os projetos, novos desafios se colocam. É nesse contexto que emerge a gestão de ativos.

Iniciativas coordenadas de gestão de ativos em uma empresa que detém ativos de transmissão têm diversos objetivos. Sobre esse tema me ocupei em publicação anterior. Mas, o que nem sempre se revela tão evidente é que essas iniciativas podem indicar soluções que eventualmente permitirão minimizar efeitos empresariais negativos decorrentes, por exemplo, de determinações do operador do sistema, o ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Com efeito, o operador tem a prerrogativa de determinar ações para reduzir os impactos na rede causados seja por condições climáticas e desastres naturais (como descargas elétricas, incêndios florestais, ventos extremos, inundações, tempestades), seja pelo efeito da introdução de novos elementos na rede que podem produzir perturbações (como geração não controlada de agentes distribuídos ou geração de fontes intermitentes como solar, eólica etc.), seja, ainda, por ação de indivíduos (como incêndios, ocupação desordenada do solo, vandalismo etc.).

Essas ações podem trazer repercussões para uma empresa de transmissão, repercussões que podem ser tanto técnico-econômicas, como, por exemplo, a redução da vida útil de equipamentos usados de modo diferente para o qual foram projetados, quanto financeiras, como a aplicação da parcela variável – PV, o desconto incidente sobre a remuneração mensal das concessionárias de transmissão devido à indisponibilidade verificada da instalação, ainda que, por vezes, tal indisponibilidade possa ser devida a decisões que garantam a estabilidade da rede.

Nesse contexto, a gestão de ativos poderá fornecer elementos úteis para identificar e priorizar projetos e iniciativas que gerem o maior benefício para a empresa e contribuam para reduzir a probabilidade de ocorrência e as consequências de eventos perturbadores na rede elétrica operada pelo ONS.

Assim, além dos resultados naturalmente esperados com a gestão de ativos nessas empresas, pode-se esperar um resultado adicional, qual seja a proposição de soluções que, sem prejuízo do atendimento de seu compromisso social enquanto agente setorial (garantir a boa performance e a disponibilidade dos recursos que aporta ao sistema elétrico), permitam minimizar (e, eventualmente, evitar) impactos regulatórios e financeiros aos quais a empresa poderá estar submetida em consequência de decisões sobre as quais não tem ingerência, ainda que tais decisões visem atender aos pré-requisitos técnicos exigidos para garantir adequado desempenho do sistema elétrico interligado.

E o ideal é que tais iniciativas sejam estruturadas de forma coordenada, de modo a maximizar os benefícios para a empresa.

Espera-se que soluções propostas por meio de iniciativas dessa natureza, vale dizer, iniciativas coordenadas de gestão de ativos, indiquem, a partir da avaliação da condição dos equipamentos vis-à-vis suas vidas útil e regulatória, soluções abrangentes de tecnologia de transmissão e, eventualmente, de distribuição transformacional, que permitam reduzir (ou evitar) efeitos sobre a empresa e seus equipamentos em operação, efeitos estes que podem compreender desde a perda de receita e mitigação de penalidades à redução de custos e investimentos.

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